sábado, 23 de abril de 2011

Passarinho Piu-Piu, dos desenhos animados.

Piu-Piu: cuidado com este passarinho.
O doce e inocente Piu-Piu seria uma criatura híbrida com uma missão: difundir mensagens subliminares de extraterrestres interessados em dominar a Terra.

SUA TEORIA - Piu-Piu é um agente alienígena

QUAL SEU OBJETIVO? - Ele é um instrumento dos ETs para conquistar o nosso planeta

Que atire a primeira pedra quem nunca se encantou com o jeito singelo de Piu-Piu, o mais famoso passarinho dos desenhos animados da Warner Bros. Por sua ternura, ele se tornou um dos personagens mais onipresentes no dia-a-dia das crianças – e de alguns adultos – em forma de roupas, brinquedos e utensílios domésticos. Porém, numa leitura mais atenta, é possível perceber que Piu-Piu não é tão inofensivo quanto parece. De acordo com versões propagadas pela internet, um certo físico nuclear chamado Denton Creepman chegou à conclusão de que Piu-Piu é resultado de uma mistura de DNA de passarinho e de algum alienígena. Mais do que isso, o passarinho híbrido seria um instrumento utilizado pelos extraterrestres para difundir mensagens subliminares entre os terráqueos e atingir seu grande objetivo: dominar a Terra.

Para Creepman, o jeito meigo e inocente do Piu-Piu ajuda a desviar a atenção dos humanos daquilo que está subjacente no desenho animado: a intenção é preparar os terráqueos para o advento dos híbridos humanos-alienígenas. A chegada desses seres mistos aconteceria após uma catastrófica guerra nuclear travada por ETs com o consentimento dos governantes secretos da Terra.

Segundo a história oficial, Piu-Piu (ou Tweety, seu nome em inglês) é uma criação do desenhista americano Bob Clampett, que disse ter-se inspirado nos filhotes de passarinho e em fotos dele próprio quando bebê. Mas a verdade é que, fisicamente, Piu-Piu é muito parecido com ETs. Para um observador atento, o formato do rosto do passarinho é semelhante ao dos homenzinhos verdes que muitas pessoas afirmam já ter topado por aí. Além disso, a gaiola onde vive Piu-Piu lembra um disco voador.
Piu-Piu fez sua primeira aparição nos desenhos animados em 1942, na história A Tale of Two Kitties. Cinco anos depois, em 1947, no desenho Tweetie Pie, aconteceu o primeiro encontro entre Piu-Piu e seu arquiinimigo, o gato Frajola – que seria a representação dos humanos. Para quem não sabe, 1947 é o ano do nascimento da ufologia moderna, pois foi quando tiveram início os relatos generalizados de avistamentos de objetos voadores não-identificados na Terra. Nesse mesmo ano, Tweetie Pie ganhou o Oscar de melhor curta-metragem de animação. Segundo alguns conspirólogos, é uma prova contundente de que a Academia de Hollywood é cúmplice da conspiração dos ETs em seu objetivo de conquistar o planeta.

Mas não é de hoje que conspirólogos levantam suspeitas sobre mensagens subliminares transmitidas por personagens de desenhos animados e quadrinhos. Essas criaturas já foram acusadas de fazer parte de uma grande conspiração ocidental para difundir o imperialismo americano em todo o mundo. O clássico Para Ler o Pato Donald – Comunicação de Massa e Colonialismo, livro escrito em 1971 pelo chileno Ariel Dorfman e pelo belga Armand Mattelart, é um dos mais duros ataques já feitos ao mundo criado por Walt Disney. Utilizando cada detalhe do relacionamento entre Pato Donald e seus três sobrinhos, os autores afirmam que essas histórias incutem valores americanos, como conformismo e consumismo.

Outro personagem dos quadrinhos, Tarzan, criado em 1929, é o rei das selvas que promove a justiça e a ordem – na verdade, essa seria só uma fachada para as grandes potências divulgarem sua mensagem colonizadora. Tintin, criado na França pelo cartunista Hergé, teve sua primeira história representada na antiga União Soviética. O título não poderia ser outro senão Tintin no País dos Sovietes, uma crítica velada ao socialismo. Já o Super-Homem confundiu tanto os conspirólogos de direita quanto de esquerda. A princípio, o acusaram de ser um símbolo do imperialismo americano. Já alguns republicanos viram nele a personificação da supremacia branca apregoada pelos nazistas.

Por tudo isso, da próxima vez que você se deixar levar pelas aventuras do seu herói em quadrinhos, cuidado: você pode estar sendo dominado!

FONTE: site : http://super.abril.com.br/cultura/piu-piu-cuidado-este-passarinho-446329.shtml
Revista on-line: superinteressante: 218 a: outubro de 2005.



sexta-feira, 22 de abril de 2011

Op Arte

Op arte

A Op Art (é uma abreviação inglesa para "Arte Óptica") nasceu e se desenvolveu simultaneamente nos Estados Unidos e na Europa, em meados da década de sessenta. O termo foi empregado pela primeira vez na revista Times no ano de 1965 e designa uma derivação do expressionismo abstrato. A Op Art, com suas pinturas voluptuosas, brincam com nossas percepções ópticas. As cores são usadas para a criação de efeitos visuais como sobreposição, movimento e interação entre o fundo e o foco principal. Os tons vibrantes, círculos concêntricos e formas que parecem pulsar são as características mais marcantes deste estilo artístico. Por ser pouco difundida e estar imersa em um grande caldeirão de influências, que vão desde o surrealismo à arte moderna, a Op Art não é considerada um movimento genuíno dentro das artes visuais, sendo reconhecida mais como uma vertente de outras linhas artísticas, como por exemplo a Kinetik Art (Arte Cinética). O limite entre a Kinetic Art e a Op Art é bastante tênue, o que gera confusão entre estes estilos. A diferença básica entre ambos é que na Kinetic Art, os processos ópticos são baseados na percepção do movimento real ou aparente da obra, que pode ser plana, bi ou tridimensional, enquanto que, na Op Art, há apenas movimentos virtuais, utilizando-se objetos planos e formas geométricas. Os padrões mais rígidos fazem com que o apuro nas formas e o estudo detalhado dos fenômenos ópticos sejam os principais enfoques da Op Art. Em 1965, foi organizada a primeira exposição de Op Art. A mostra foi chamada "The Responsive Eye" (O Olho que Responde), no Museu de Arte Moderna de Nova York. Entre os principais expoentes da Op Art, estão Victor Vasarely, Richard Anuszkiewicz, Bridget Riley, Ad Reinhardt, Kenneth Noland e Larry Poons. A exposição, no entanto, não teve muito sucesso. A Op Art esteve, durante um bom tempo, renegada aos meios considerados "alternativos" nos EUA e Europa. O período posterior à exposição não foi dos melhores para a Op Art, que quase caiu no esquecimento. Em parte, esse distanciamento surgiu devido à concorrência com a Pop Art, que tomava conta de praticamente todo o cenário artístico mundial, deixando pouco espaço para as demais expressões artísticas. O advento do computador, no entanto, trouxe um novo fôlego à Op Art. As cores metálicas, as formas praticamente matemática e a organização rigorosa dos elementos têm tudo a ver com a "sociedade cibernética".

Características conceituais

A razão da Op Art é a representação do movimento através da pintura apenas com a utilização de elementos gráficos. A alteração das cidades modernas e o sofrimento do homem com a alteração constante em seus ritmos de vida também são uma preocupação constante. A vida rápida das cidades contribuiu para a percepção do movimento como elemento constituinte da cultura visual do artista. Outro fator fundamental para a criação da Op Art foi a evolução da ciência, que está presente em praticamente todos os trabalhos, baseando-se principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida moderna e da Física sobre a Óptica.

Técnica

A dinâmica da pintura na Op Art é alcançada com a oposição de estruturas idênticas que interagem umas com as outras, produzindo o efeito óptico. Diferentes níveis de iluminação também são utilizados constantemente, criando a ilusão de perspectiva. A interação de cores, baseado nos grandes contrastes (preto e branco) ou na utilização de cores complementares são a matéria prima da Op Art. A técnica "moire", aplicada no trabalho "Current", de Bridget Riley, é um bom exemplo. Nela, há a criação de um espaço móvel, produzindo um efeito denominado "whip blast" (explosão do chicote). Esta técnica, assim como a maioria das técnicas utilizadas na Op Art, exploram as possibilidades do fenômeno óptico na criação de volumes e formas virtuais.

Principais expoentes

Ad Reinhardt - Pintor americano, nascido em Nova York. Artista e teórico, Reinhardt é mais conhecido por suas pinturas em preto, que marcam sua fase artística posterior a 1960.Adepto do minimalismo, Reinhardt utilizava apenas o preto e suas variações em suas obras, rejeitando os atributos convencionais da pintura. Keneth Noland - Pintor americano, da Carolina do Norte. Noland utilizou-se em suas obras de listras e cores básicas. Ele enfatiza o plano da tela utilizando cores uniformes. Em seu trabalho, a cor é o objetivo. Seus trabalhos mais recentes abandonaram as cores básicas, usando agora cores modificadas em vários tons. Bridget Riley - Pintora inglesa, associada também ao movimento Pop Art. O estilo de Riley é marcado por listras que se sobrepõem, curvas onduladas, discos concêntricos e quadrados ou triângulos que se repetem.
Devido à organização sequencial e a relação de cores de suas obras, há a criação de sensações ópticas de ritmo nas superfícies, que parecem vibrar
A Op Art (é uma abreviação inglesa para "Arte Óptica") nasceu e se desenvolveu simultaneamente nos Estados Unidos e na Europa, em meados da década de sessenta. O termo foi empregado pela primeira vez na revista Times no ano de 1965 e designa uma derivação do expressionismo abstrato. A Op Art, com suas pinturas voluptuosas, brincam com nossas percepções ópticas. As cores são usadas para a criação de efeitos visuais como sobreposição, movimento e interação entre o fundo e o foco principal. Os tons vibrantes, círculos concêntricos e formas que parecem pulsar são as características mais marcantes deste estilo artístico. Por ser pouco difundida e estar imersa em um grande caldeirão de influências, que vão desde o surrealismo à arte moderna, a Op Art não é considerada um movimento genuíno dentro das artes visuais, sendo reconhecida mais como uma vertente de outras linhas artísticas, como por exemplo a Kinetik Art (Arte Cinética). O limite entre a Kinetic Art e a Op Art é bastante tênue, o que gera confusão entre estes estilos. A diferença básica entre ambos é que na Kinetic Art, os processos ópticos são baseados na percepção do movimento real ou aparente da obra, que pode ser plana, bi ou tridimensional, enquanto que, na Op Art, há apenas movimentos virtuais, utilizando-se objetos planos e formas geométricas. Os padrões mais rígidos fazem com que o apuro nas formas e o estudo detalhado dos fenômenos ópticos sejam os principais enfoques da Op Art. Em 1965, foi organizada a primeira exposição de Op Art. A mostra foi chamada "The Responsive Eye" (O Olho que Responde), no Museu de Arte Moderna de Nova York. Entre os principais expoentes da Op Art, estão Victor Vasarely, Richard Anuszkiewicz, Bridget Riley, Ad Reinhardt, Kenneth Noland e Larry Poons. A exposição, no entanto, não teve muito sucesso. A Op Art esteve, durante um bom tempo, renegada aos meios considerados "alternativos" nos EUA e Europa. O período posterior à exposição não foi dos melhores para a Op Art, que quase caiu no esquecimento. Em parte, esse distanciamento surgiu devido à concorrência com a Pop Art, que tomava conta de praticamente todo o cenário artístico mundial, deixando pouco espaço para as demais expressões artísticas. O advento do computador, no entanto, trouxe um novo fôlego à Op Art. As cores metálicas, as formas praticamente matemática e a organização rigorosa dos elementos têm tudo a ver com a "sociedade cibernética".

Características conceituais

A razão da Op Art é a representação do movimento através da pintura apenas com a utilização de elementos gráficos. A alteração das cidades modernas e o sofrimento do homem com a alteração constante em seus ritmos de vida também são uma preocupação constante. A vida rápida das cidades contribuiu para a percepção do movimento como elemento constituinte da cultura visual do artista. Outro fator fundamental para a criação da Op Art foi a evolução da ciência, que está presente em praticamente todos os trabalhos, baseando-se principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida moderna e da Física sobre a Óptica.

Técnica

A dinâmica da pintura na Op Art é alcançada com a oposição de estruturas idênticas que interagem umas com as outras, produzindo o efeito óptico. Diferentes níveis de iluminação também são utilizados constantemente, criando a ilusão de perspectiva. A interação de cores, baseado nos grandes contrastes (preto e branco) ou na utilização de cores complementares são a matéria prima da Op Art. A técnica "moire", aplicada no trabalho "Current", de Bridget Riley, é um bom exemplo. Nela, há a criação de um espaço móvel, produzindo um efeito denominado "whip blast" (explosão do chicote). Esta técnica, assim como a maioria das técnicas utilizadas na Op Art, exploram as possibilidades do fenômeno óptico na criação de volumes e formas virtuais.

Principais expoentes

Ad Reinhardt - Pintor americano, nascido em Nova York. Artista e teórico, Reinhardt é mais conhecido por suas pinturas em preto, que marcam sua fase artística posterior a 1960.Adepto do minimalismo, Reinhardt utilizava apenas o preto e suas variações em suas obras, rejeitando os atributos convencionais da pintura. Keneth Noland - Pintor americano, da Carolina do Norte. Noland utilizou-se em suas obras de listras e cores básicas. Ele enfatiza o plano da tela utilizando cores uniformes. Em seu trabalho, a cor é o objetivo. Seus trabalhos mais recentes abandonaram as cores básicas, usando agora cores modificadas em vários tons. Bridget Riley - Pintora inglesa, associada também ao movimento Pop Art. O estilo de Riley é marcado por listras que se sobrepõem, curvas onduladas, discos concêntricos e quadrados ou triângulos que se repetem.
Devido à organização sequencial e a relação de cores de suas obras, há a criação de sensações ópticas de ritmo nas superfícies, que parecem vibrar

quarta-feira, 6 de abril de 2011

20 FATOS CURIOSOS SOBRE A VIDA E A MORTE

A vida e a morte são duas caixinhas de surpresas. Há fatos sobre os dois momentos que eu – provavelmente você – desconhecia. Confira.

1. Quando uma pessoa está morrendo, ela perde primeira a visão, depois o olfato, tato e, por último, a audição.

2. Uma cabeça humana permanece consciente de 15 a 20 segundos depois de decapitada.

3. O funeral de Alexandre, o Grande, custou cerca de 600 milhões de dólares atuais. Foi construída uma estrada do Egito à Babilônia para levar o corpo do maior conquistador do mundo antigo.

4. Cerca de 2.500 canhotos morrem a cada ano por usar produtos feitos para destros.
5. 15% das mulheres americanas mandam flores para si mesmas no dia dos namorados.

6. A chama de uma lamparina permaneceu acesa durante 1.130 anos no túmulo de um sacedote budista em Nara, no Japão.

7. O nome HAL, do computador do filme 2001, Uma Odisséia No Espaço não foi escolhido à toa. Ele é formado pelas letras imediatamente anteriores às que formam a palavra IBM.

8. Os chimpanzés são os únicos animais capazes de se reconhecer à frente de um espelho.

9. Você pisca os olhos aproximadamente 25 mil vezes por dia.

10. Se todos os cachorros quentes consumidos pelos americanos em 1 ano fossem enfileirados, poderia ser feita uma ponte que daria duas vezes a distância da Terra até a Lua.

11. Os CDs foram concebidos para comportar 72 minutos de música porque essa é a duração da Nona Sinfonia de Bethoven.

12. Antes da Segunda Guerra, a lista telefônica de Nova Yorque tinha 22 Hitlers. Depois dela, não tinha mais nenhum.

13. A Barbie já vendeu mais carros que a General Motors. Ela é também a boneca mais bem sucedida da história dos brinquedos. Alguns colecionadores possuem até 7000 bonecas.

14. Antes de 1800, os sapatos para os pés direito e esquerdo eram iguais.

15. Uma mulher chinesa chamada Mum-Zi já era avó com 17 anos. Ela teve sua filha com 8 anos e 4 meses, e sua filha também se tornou mãe com 8 anos.

16. Os americanos gastam mais com comida de cães do que com comida de bebê.

17. Rir durante o dia faz com você que durma melhor à noite.

18. Os pombos possuem um cristal em seu cérebro.

19. Após a morte, os cabelos e unhas de uma pessoa continuam a crescer.

20. De cachorros inteiros a patas de camelos (as de ursos foram proibidas), os chineses comem tudo o que tenha quatro patas. Uma trágica herança dos tempos em que simplesmente não havia o que comer. Seus mercados de rua são verdadeiras feiras de horrores para os estômagos mais sensíveis. Mesmo assim, comer, seja lá o que for, tem um significado todo especial para eles. A tal ponto que a típica saudação de bom dia em mandarim significa, literalmente, uma pergunta: Você já comeu hoje?

7 FATOS CURIOSOS E CIENTIFICO SOBRE AS MULHERES

Apanham a cada 2 minutos
Em 2006, o ex-presidente Lula sancionou a Lei Maria da Penha, que pune agressões contra mulheres ocorridas no âmbito familiar. Ainda assim, cinco mulheres apanham a cada dois minutos no Brasil, segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc.  Há 10 anos, o cenário era ainda pior: oito mulheres eram agredidas no mesmo tempo. Ainda que a lei preveja até prisão para o agressor, os números mostram que intimida muito pouco os que cometem este tipo de violência.

Falam 20 mil palavras por dia

Não, não é só impressão. As mulheres falam bem mais e mais rápido que os homens. De acordo com pesquisa da psiquiatra americana Louann Brizendine, são nada menos que 20 mil palavras por dia, enquanto os homens se conformam com meras 7.000.  E as mulheres ainda falam duas vezes mais rápido. Pudera! Para dizer 1.250 palavras por hora (20 por minuto), se considerarmos uma pessoa que dorme 8h por dia, tem que ser rápido mesmo.

Desigualdade ainda impera
Ainda que as mulheres sejam maioria no Brasil, elas ganham menos até quando ocupam os mesmos cargos no mercado de trabalho. Por diferenças como essa, o Brasil ocupa o 85º lugar em ranking que mede a desigualdade de vida entre os sexos em 134 países, segundo o Relatório Global de Desigualdade de Gêneros, apresentado no Fórum Econômico Mundial no ano passado. O ranking considera participação na economia, no mercado de trabalho, na política, entre outros fatores. Na questão da renda, por exemplo, a média anual do que as mulheres recebem no Brasil é de R$ 12 mil, enquanto os homens ganham cerca de R$ 20 mil.

Gastam mais de R$ 600 com sapatos por ano
A pesquisa foi feita no Reino Unido, mas não dá para dizer que o resultado seria muito diferente por estas bandas. Segundo estudo da empresa Gocompare.com, as britânicas compram uma média de sete pares de sapatos por ano, desembolsando cerca de 245 libras (R$ 663) para isso. Uma mulher pode até dizer que se contenta com dois pares por ano, mas com certeza conhece outra que não sai de um shopping sem uma caixinha de sapato.

São sub-representadas

Em 2010, o Brasil elegeu sua primeira presidente mulher, após 39 homens ocuparem o cargo. Mas, se no poder Executivo elas estão representadas, não se pode dizer o mesmo no Legislativo, onde de fato o papel do congressista é a representação da sociedade. Na Câmara, as mulheres ocupam apenas 8,6% das cadeiras, no Senado são 16%. A Lei Eleitoral prevê que partidos e coligações tenham pelo menos 30% de seus candidatos do sexo feminino nas eleições para o Congresso. O problema é que, mesmo quando a lei é cumprida (o que nem sempre acontece!) os votos em mulheres ainda são escassos. Será falta de confiança ou puro preconceito?

Estudam mais que os homens
De acordo com o IBGE, as mulheres estudam por mais tempo que os homens. Dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados no ano passado apontam que a média de tempo de estudo da população feminina acima de 15 anos é de 7,4 anos, enquanto o da masculina fica em 7,1. Na faixa etária de 20 a 24 anos, a diferença é maior: as mulheres estudaram 10 anos e os homens, 9,3.

Ainda são mutiladasCerca de três milhões de meninas correm risco de sofrer mutilação genital (remoção parcial ou total do órgão genital), segundo a Organização Mundial de Saúde. A prática é adotada em pelo menos 28 países (como Egito, Quênia e Sudão). Geralmente feita de maneira precária e sem anestesia, o procedimento é considerado pelos grupos que o adotam como fundamental para preparar crianças e adolescentes para a vida adulta e o casamento. Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas a este tipo de mutilação.

INDIGENAS

Por que 19 de abril?

No dia 19 de abril de 1940, aconteceu o I Congresso Indígena da América Latina, no México. Nesse congresso foi instituído o dia do Índio em todo o continente americano (Américas do Sul, Norte e Central).
Tal data foi criada com o intuito de que a cultura indígena fosse divulgada em todo continente Americano e para que os governos criassem normas em relação à preservação e proteção dps dos povos indígenas.
No Brasil, somente em 1943 foi oficializada essa data por lei assinada pelo presidente da época, Getúlio Vargas.

O Chefe da Tribo
Os índios vivem em aldeias e, muitas vezes, são comandados por chefes, que são chamados de cacique, tuxánas ou morubixabas. A transmissão da chefia pode ser hereditária (de pai para filho) ou não. Os caciques devem conduzir a aldeia nas mudanças, na guerra, devem manter as tradições, determinar as atividades diárias e responsabilizar-se pelo contato com outras aldeias ou com os civilizados.

Alimentação
Cada povo indígena tem sua tradição com relação à alimentação. Eles produzem sua própria comida, seja praticando agricultura para subsistência, em algumas tribos até vendem o excedente da sua plantação, seja por caça e pesca.
O peixe, a banana, a mandioca e o milho são fontes de alimentação n maioria das tribos indígenas.
Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis e não fazem mal ao homem.
Há divisões de tarefas por sexo. Geralmente as mulheres preparam as comidas enquanto os homens caçam e pescam.
Há tribos que consomem alimentos industrializados que compram com o dinheiro ganhado através do comércio de produtos típicos confeccionados nas aldeias e vendidos em feiras.

As Crianças

Em geral, a vida das crianças indígenas ou curumins como são chamadas é bem diferente das nossas crianças.
Elas vivem muito integradas à natureza, participam das tradições de sua tribo. Aprendem muito observando os mais velhos em suas tarefas diárias.
Também se divertem muito, tomar banho de rio é uma das diversões preferidas. Além disso, brincam de peteca, pião, jogos com sementes, dobraduras, bonecas.
Na maioria das aldeias, os pequenos índios também vão à escola.

Há momentos de contação de história, em que os mais velhos contam histórias para os curumins, há festas tradicionais em que as crianças participam e aprendem assim ,mais da própria cultura.
As crianças indígena são muito respeitadas, os adultos sabem e acreditam que elas estão sempre aprendendo.
Elas convivem com seus animais de estimação: cachorros, macacos, araras, coatis, papagaios.

Ritos e Mitos

No Brasil, muitas tribos praticam ritos de passagem, que marcam a passagem de um grupo ou indivíduo de uma situação para outra. O nascimento de uma criança é comemorado, assim como a iniciação na vida adulta, o casamento, a morte. Celebram os antepassados como a festa Quarup dos Xavantes no Xingu, região central do Brasil.
Uma boa colheita também é comemorada com festejos.

Habitação

A casa do índios não é só a famosa Oca que ouvimos falar.
As aldeias não são todas iguais. Há tribos que formam suas casas ao redor de uma região central , local designado para festas. Outras tribos constróem suas casas enfileiradas. Há tribos em que só há uma grande casa e todos moram juntos.
As casas podem ser ovais, retangulares ou redondas. De madeira, palha ou cipó. Há aldeias que possuem casas com tijolos.

PÁSCOA

O significado da Páscoa...
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
A festa tradicional associa a imagem do coelho, um símbolo de fertilidade, e ovos pintados com cores brilhantes, representando a luz solar, dados como presentes. A origem do símbolo do coelho vem do fato de que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução. Como a Páscoa é ressurreição, é renascimento, nada melhor do que coelhos, para simbolizar a fertilidade!


 como surgiu o chocolate...

Quem sabe o que é "Theobroma"? Pois este é o nome dado pelos gregos ao "alimento dos deuses", o chocolate. "Theobroma cacao" é o nome científico dessa gostosura chamada chocolate. Quem o batizou assim foi o botânico sueco Linneu, em 1753.
Mas foi com os Maias e os Astecas que essa história toda começou.
O chocolate era considerado sagrado por essas duas civilizações, tal qual o ouro.
Na Europa chegou por volta do século XVI, tornando rapidamente popular aquela mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha. Vale lembrar que o chocolate foi consumido, em grande parte de sua história, apenas como uma bebida.
Em meados do século XVI, acreditava-se que, além de possuir poderes afrodisíacos, o chocolate dava poder e vigor aos que o bebiam. Por isso, era reservado apenas aos governantes e soldados.
Aliás, além de afrodisíaco, o chocolate já foi considerado um pecado, remédio, ora sagrado, ora alimento profano. Os astecas chegaram a usá-lo como moeda, tal o valor que o alimento possuía.
Chega o século XX, e os bombons e os ovos de Páscoa são criados, como mais uma forma de estabelecer de vez o consumo do chocolate no mundo inteiro. É tradicionalmente um presente recheado de significados. E não é só gostoso, como altamente nutritivo, um rico complemento e repositor de energia. Não é aconselhável, porém, consumí-lo isoladamente. Mas é um rico complemento e repositor de energia.
 E o coelho?

A tradição do coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é que trouxe os ovos. A mais pura verdade, alguém duvida?
No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.
Mas o certo mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertililidade que os coelhos possuem. Geram grandes ninhadas!

por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todo ano?

O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária - conhecida como a "lua eclesiástica").
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa "móvel".
De fato, a seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.

Para os curiosos, olha aí as datas da Páscoa até o ano de 2010:
  • 2000 - 23 de abril
  • 2001 - 15 de abril
  • 2002 - 31 de março
  • 2003 - 20 de abril
  • 2004 - 11 de abril
  • 2005 - 27 de março
  • 2006 - 16 de abril
  • 2007 - 08 de abril
  • 2008 - 23 de março
  • 2009 - 12 de abril
  • 2010 - 04 de abril

MEIO AMBIENTE!

A LIÇÃO NUCLEAR

O mundo repensa, finalmente, se vale continuar fazendo uso da energia atômica.
Depois de décadas de consequências fatais para homens e fauna fazendo largo uso da energia atômica, ela é cada vez mais usada em diversos países (inclusive Brasil).
O Japão pode estar caminhando para um desastre nuclear cujo impacto no meio ambiente é incalculável. No entanto, o assustador momento está fazendo muitos países repensarem se vale investir nesta controversa fonte de energia. Não só pelas terríveis consequências ambientais, mas porque acidentes como o de agora saem carríssimos para serem "consertados".
O Brasil pode ignorar os perigos e achar que "no Brasil não tem tsunami nem terremoto". Mas temos que considerar a falha humana que é responsável pela maioria dos acidentes nucleares. Fica a lição!


ESQUECIMENTO GLOBAL

Falar sobre aquecimento global nunca é demais. A sensação que dá é que, diante de tantas notícias sobre escândalos em áreas como a política mundial, o debate sobre as mudanças climáticas pode estar saindo de moda. Mas o que poucos sabem é que a situação é cada vez mais alarmante.
Recentemente, a FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - vem alertando que o  cenário pode piorar, explica a entidade, caso a seca existente no inverno chinês se mantiver.
Segundo um estudo da revista Science, em 2010 o impacto da falta de chuvas na região foi superior a 3 milhões de km2 de terras, superando a seca de 2005, considerada a pior das últimas décadas. Especialistas acreditam que este quadro pode acelerar o aquecimento global, já que prevêem que a Floresta Amazônica não será capaz de absorver 1.5 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera como de costume.
É preciso que a sociedade se mobilize para provocar mudanças na postura das autoridades. É chegada a hora da ação seja qual for o lugar onde você se encontre. Ou prefere ignorar o perigo.


ÁRVORES SÃO SAGRADAS PARA O MEIO AMBIENTE

Ainda hoje, florestas vêm dando lugar ao asfalto em um ritmo alarmante. Se você acha que este cenário pode agravar os sintomas das mudanças climáticas, acertou na mosca.
Praticamente todos os seres vivos dependem das árvores de alguma forma. Elas estão intimamente ligadas à dinâmica da água nos continentes, pois ajudam a levar a água das chuvas para os lençóis freáticos, originando as nascentes, rios e os mananciais. Também protegem o solo, evitando a erosão e o deslizamento de terra nos morros. Além disso, as árvores fazem o chamado "sequestro de dióxido de carbono" (CO2), um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Estudos apontam que ficamos mais saudáveis e felizes em locais com muitas árvores. O que estamos esperando para plantar mais delas?




segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fernado Verrisimo

Luiz Fernando Veríssimo
LIXO 
Encontraram-se na área de serviço. Cada um com o seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam. 

- Bom dia. 

- Bom dia. 

- A senhora é do 610. 

- E o senhor do 612. 

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente... 

- Pois é ...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo... 

- O meu o quê? 

- O seu lixo. 

- Ah... 

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena. 

- Na verdade sou só eu. 

- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata. 

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...

- Entendo. 

- A senhora também...

- Me chama de você. 

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim. 

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra. 

- A senhora... Você não tem família? 

- Tenho, mas não aqui. 

- No Espírito Santo. 

- Como é que você sabe? 

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo. 

- É. Mamãe escreve todas as semanas. 

- Ela é professora? 

- Isso é incrível! Como você adivinhou? 

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora. 

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo. 

- Pois é... 

- No outro dia, tinha um envelope de telegrama amassado. 

- É. 

- Más notícias? 

- Meu pai. Morreu. 

- Sinto muito. 

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos. 

- Foi por isso que você recomeçou a fumar? 

- Como é que você sabe? 

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo. 

- É verdade. Mas consegui parar outra vez. 

- Eu, graças a Deus, nunca fumei. 

- Eu sei, mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo... 

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou. 

- Você brigou com o namorado, certo? 

- Isso você também descobriu no lixo? 

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel. 

- É, chorei bastante, mas já passou. 

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos. 

- É que estou com um pouco de coriza. 

- Ah. 

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo. 

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é. 

- Namorada? 

- Não. 

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha. 

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga. 

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte. 

- Você está analisando o meu lixo! 

- Não posso negar que o seu lixo me interessou. 

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo,decidi que gostaria de conhecê-la . Acho que foi a poesia. 

- Não! Você viu meus poemas? 

- Vi e gostei muito. 

- Mas são muito ruins! 

- Se você achasse eles ruins mesmos, teria rasgado. Eles só estavam dobrados. 

- Se eu soubesse que você ia ler... 

- Só não fiquei com ele porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela? 

- Acho que não. Lixo é domínio público. 

- Você tem razão. Através dos lixos, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos 
outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso? 

- Bom aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que... 

- Ontem, no seu lixo. 

- O quê? 

- Me enganei, ou eram cascas de camarão? 

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei. 

- Eu adoro camarão. 

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode... Jantar juntos? 

- É. Não quero dar trabalho. 

- Trabalho nenhum. 

- Vai sujar a sua cozinha. 

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora. 

- No seu lixo ou no meu?

Fernado Verrisimo

Luiz Fernando Veríssimo
LIXO 
Encontraram-se na área de serviço. Cada um com o seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam. 

- Bom dia. 

- Bom dia. 

- A senhora é do 610. 

- E o senhor do 612. 

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente... 

- Pois é ...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo... 

- O meu o quê? 

- O seu lixo. 

- Ah... 

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena. 

- Na verdade sou só eu. 

- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata. 

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...

- Entendo. 

- A senhora também...

- Me chama de você. 

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim. 

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra. 

- A senhora... Você não tem família? 

- Tenho, mas não aqui. 

- No Espírito Santo. 

- Como é que você sabe? 

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo. 

- É. Mamãe escreve todas as semanas. 

- Ela é professora? 

- Isso é incrível! Como você adivinhou? 

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora. 

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo. 

- Pois é... 

- No outro dia, tinha um envelope de telegrama amassado. 

- É. 

- Más notícias? 

- Meu pai. Morreu. 

- Sinto muito. 

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos. 

- Foi por isso que você recomeçou a fumar? 

- Como é que você sabe? 

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo. 

- É verdade. Mas consegui parar outra vez. 

- Eu, graças a Deus, nunca fumei. 

- Eu sei, mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo... 

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou. 

- Você brigou com o namorado, certo? 

- Isso você também descobriu no lixo? 

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel. 

- É, chorei bastante, mas já passou. 

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos. 

- É que estou com um pouco de coriza. 

- Ah. 

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo. 

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é. 

- Namorada? 

- Não. 

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha. 

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga. 

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte. 

- Você está analisando o meu lixo! 

- Não posso negar que o seu lixo me interessou. 

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo,decidi que gostaria de conhecê-la . Acho que foi a poesia. 

- Não! Você viu meus poemas? 

- Vi e gostei muito. 

- Mas são muito ruins! 

- Se você achasse eles ruins mesmos, teria rasgado. Eles só estavam dobrados. 

- Se eu soubesse que você ia ler... 

- Só não fiquei com ele porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela? 

- Acho que não. Lixo é domínio público. 

- Você tem razão. Através dos lixos, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos 
outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso? 

- Bom aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que... 

- Ontem, no seu lixo. 

- O quê? 

- Me enganei, ou eram cascas de camarão? 

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei. 

- Eu adoro camarão. 

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode... Jantar juntos? 

- É. Não quero dar trabalho. 

- Trabalho nenhum. 

- Vai sujar a sua cozinha. 

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora. 

- No seu lixo ou no meu?

Crônicas de Fernando Sabino.

A VITÓRIA DA
INFÂNCIA

FERNANDO SABINO


FESTA DE ANIVERSÁRIO
 Leonora chegou-se para mim, a carinha mais limpa desse mundo:
Engoli uma tampa de coca-cola.
Levantei as mãos para o céu: mais essa agora! Era uma festa de aniversário, o aniversário dela própria, que completava seis anos de idade. Convoquei imediatamente a família:
Disse que engoliu uma tampa de coca-cola.
A mãe, os tios, os avós, todos a cercavam, nervosos e inquietos. Abre a boca minha filha. Agora não adianta: já engoliu. Deve ter arranhado. Mas engoliu como? Quem é que engole uma tampa de cerveja? De cerveja, não: de coca-cola. Pode ter ficado na garganta – urgia que tomássemos uma providência, não ficássemos ali, feito idiotas. Peguei-a no colo: vem cá minha filhinha, conta só pra mim: você engoliu coisa nenhuma, não é isso mesmo? – Engoli sim papai! – Ela afirmava com decisão. Consultei o tio, baixinho: o que é que você acha? Ele foi buscar uma tampa de garrafa, separou a cortiça do metal:
O que é que você engoliu: isto... Ou isto?
Cuidado que ela engole outra. – Adverti.
Isto! – E ela apontou com firmeza a parte de metal.
Não tinha dúvida: pronto-socorro. Dispus-me a carregá-la, mas alguém sugeriu que era melhor que ela fosse andando: auxiliava a digestão.
No hospital, o médico limitou-se a apalpar-lhe a barriginha, cético:
Dói aqui, minha filha?
Quando falamos em radiografia, revelou-nos que o aparelho estava com defeito: só no pronto-socorro da cidade.
Batemos para o pronto-socorro da cidade. Outro médico nos atendeu com solicitude:
Vamos já ver isto.
Tirada a chapa, ficamos aguardando ansiosa revelação. Em pouco o médico regressava:
Engoliu foi a garrafa.
A garrafa? – Exclamei. Mas, era uma gracinha dele, cujo espírito passava muito ao largo da minha aflição: eu não estava para graças. Uma tampa de garrafa! Certamente precisaria operar – não haveria de sair por si mesma.
O médico pôs-se a rir de mim:
Não engoliu coisa nenhuma. O senhor pode ir descansado.
Engoli! – afirmou a menininha.
Voltei-me para ela:
Como é que você ainda insiste minha filha?
Que eu engoli, engoli.
Pensa que engoliu. – emendei.
Isso acontece. – sorriu o médico: - Até com gente grande. Aqui já teve um guarda que pensou ter engolido o apito.
Pois eu engoli mesmo. – comentou ela, intransigente.
Você não pode ter engolido – arrematei já impaciente: - Quer saber mais do que o médico?
Quero. Eu engoli, e depois desengoli! – Esclareceu ela.
Nada mais havendo a fazer, engoli em seco, despedi-me do médico e bati em retirada com toda a comitiva.



REUNIÃO DE MÃES

Na reunião de pais só havia mães. Eu me sentiria constrangido em meio a tanta mulher, por mais simpáticas me parecessem, e acabaria nem entrando - se não pudesse logo distinguir, espalhadas no auditório, duas ou três presenças masculinas que partilhariam de meu ressabiado zelo paterno.
Sentei-me numa das últimas filas, para não causar espécie à seleta assembléia de progenitoras. Uma delas fazia tricô, e várias conversavam, já confraternizadas de outras reuniões. O Padre-Diretor tomou assento à mesa, cercado de professoras, e deu início à sessão.
Eu viera buscar Pedro Domingos para levá-lo ao mé­dico, mas desta vez cabia-me também participar antes da reunião. Afinal de contas andava mesmo precisando de verificar pessoalmente a quantas o menino andava.
O. Padre-Diretor fazia considerações gerais sobre o uniforme de gala a ser adotado. A gravatinha é azul? ­perguntou uma das mães. Meia três - quartos? - perguntou outra. E o emblema no bolsinho? - perguntou uma ter­ceira. Outra ainda, à minha frente, quis saber se tinha pesponto - mas sua pergunta não chegou a ser ouvida.
Invejei-lhes a desenvoltura. Tive vontade de perguntar também alguma coisa, para tornar mais efetivo meu interesse de pai - mas temi aquelas mães todas voltando a cabeça, curiosas e surpreendidas, ante uma destoante voz de homem, meio gaguejante talvez de insegurança. Poderia também não ser ouvido - e se isso me acontecesse eu sumiria na cadeira. Além do mais, não me ocorria nada de mais prático para perguntar senão o que vinha a ser pesponto.
Acabei concluindo que tanta perguntação quebrava um pouco a solene compostura que devíamos manter, como responsáveis pelo destino de nossos filhos. E dispensei-me de intervir, passando a ouvir a explanação do Padre­-Diretor:
Chegamos agora ao ponto que interessa: o quinto ano. Depois de cuidadosa seleção, foi dividido em três turmas - a turma 14, dos mais adiantados; a turma 13, dos regulares; e a turma 12, dos atrasados, relapsos, irrequietos, indisciplinados. Os da 13 já não são lá essas coisas, mas os da 12 posso assegurar que dificilmente irão para frente, não querem nada com estudo.
Fiquei atento: em qual delas estaria o menino? Pensei que o Diretor ia ler a lista de cada turma - o meu certamente na 14. Não leu, talvez por consideração para com as mães que tinham filhos na 12. Várias, que já sabiam disso, puseram-se a falar ao mesmo tempo: não era culpa delas; levavam muito dever para casa, não se habituavam com o semi-internato. Uma - a do tricô, se não me engano - chegou mesmo a se queixar do ensino dirigido, que a seu ver não estava dando resultado. Outra disse que tinha três filhos, faziam provas no mesmo dia, como prepará-los de uma só vez? O Padre-Diretor sacudiu a cabeça, sorrindo com simpatia não posso nem ao menos lastimar que a senhora tenha tanto filho. E voltou a falar nos relapsos, um caso muito sério. Não vai esse Padre dizer que meu filho está entre eles, pensei. Irrequieto, indisciplinado. Ah, mas ele havia de ver comigo: entre os piores!
E por que não? Quietinho, muito bem mandado, filhinho do papai, maria-vai-com-as-outras ele não era mesmo não. Desafiei o auditório, acendendo um cigarro: ninguém tinha nada com isso. Criança ainda, na idade mesmo de brincar e não levar as coisas tão a sério. O curioso é que não me parecesse assim tão vadio - jogava futebol na rua, assistia à televisão, brincava de bandido, mas na hora de estudar o rapazinho estudava, então eu não via? Quem sabe se procurasse ajudá-lo, dar uma mão­zinha. . Mas essas coisas que ele andava estudando eu já não sabia de cor, tinha de aprender tudo de novo. Outro dia, por exemplo, me embatucou perguntando se eu sabia como se chamam os que nascem na Nova Guiné. Ninguém sabe isso, meu filho, respondi gravemente. Ah, não sabe? Pois ele sabia: guinéu! Não acreditei, fui olhar no dicionário para ver se era mesmo. Era. Talvez estivesse na turma 13, bem que sabia lá uma coisa ou outra, o danadinho.
Agora o Diretor falava na comida que serviam ao almoço. Da melhor qualidade, mas havia um problema ­os meninos se recusavam a comer verdura, ele fazia questão que comessem, para manter dieta adequada. No entanto, algumas mães não colaboravam. Mandavam bilhetinhos pedindo que não dessem verdura aos filhos.
Eis algo que eu jamais soube explicar: por que menino não gosta de verdura? Quando menino eu também não gostava.
Pedem às mães que mandem bilhetinhos e não é só isso: usam qualquer recurso para não comer verdura. Hoje mesmo me apareceu um com um bilhete da mãe dizendo: não obrigar meu filho a comer verdura. Só que estava escrito com a letra do próprio menino.
Chegada era a hora de levá-lo ao médico - uma professora amiga foi buscá-lo para mim.
Meu filho - perguntei, ansioso, assim que saímos:
Em que turma você está? Na 12 ou na 13?
Na 14 - ele respondeu, distraído. Respirei com
alívio: e nem podia ser de outra maneira, não era isso mesmo?
Fico satisfeito de saber - comentei apenas.
Ele não perdeu tempo:
Então eu queria te pedir um favor – aproveitou logo – que você mandasse ao Padre-Diretor um bilhete dizendo que eu não posso comer verdura.



PRIMEIRA COMUNHÃO
Ele estava nervoso, muito empertigado no seu terninho branco: Se colar no céu da boca o que é que eu faço?Tira com a língua – recomendei. Com o dedo não pode não?Não pode não.
Ao entrarmos no pátio da igreja, esqueceu suas preocupações e saiu correndo para juntar-se aos outros. Sob o olhar embevecido dos pais a meninada se estranhava: tolhida pelo cuidado com a roupa toda branca e muito armada, e a fita no braço, e a expectativa da cerimônia, não se expandia livremente como no recreio do colégio. Ainda assim trançavam aqui e ali entre os adultos, brincando e rindo, criticando-se mutuamente:

Você veio de luva? A professora disse que não precisava. Uê, você está de calça comprida!O padre disse que podia.Meu laço é mais bonito que o seu.O meu tem um desenhinho, olha aí.
Em pouco surgiu o vigário e os pôs em fila. Marcharam para o interior da igreja. Solenizados e hirtos, nós, os cavalões, também elegantemente ajaezados, nos postamos ao redor, prestando atenção na missa, como se nada estivesse acontecendo. Mas andava no ar o inquietante silêncio de algo precioso que estava para nos acontecer e que poderia escapar-nos, como uma palavra apenas sussurrada e de novo perdida. E a todo instante olhávamos disfarçados os nossos filhos, com a benevolente compreensão de quem lembra já ter vivido momento semelhante e teme não merecer sua renovação e teme não merecer sua renovação ao menos na lembrança. Eu, evidentemente, só tinha olhos para um menino no segundo banco, repetindo com os outros o ritual que o padre lhe ensinara, preparado para a sua primeira grande aventura.
De súbito um imprevisto ameaçou perturbar a cerimônia: uma voz de homem, alta e mal articulada. Irrompeu lá detrás e o bêbado veio avançando, vacilante, até se deixar cair sentado no banco a meu lado. Era um preto de camiseta de meia, sem mangas, provavelmente operário de alguma construção vizinha, e àquela hora da manhã já (ou ainda) estava no maior pileque deste mundo. Resmungou qualquer coisa e correu os olhos baços ao redor, sem ver nada. Várias cabeças se voltavam, apreensivas, como a pedir que eu fizesse alguma coisa – e eu não sabia o que diabo se deve fazer numa circunstância dessas.

Psiu, companheiro, fique quietinho aí – sussurrei-lhe, temendo que ele reagisse, para agravar a situação. Limitou-se, porém, a olhar-me com desprezo e engrolar duas ou três palavras desastrosamente gritadas. Depois se pôs a falar em voz alta:

Sou católico apostólico romano. Sou muito amigo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O vigário deixou os meninos e veio de lá passar-lhe um pito, mas de nada adiantou: em pouco tempo ele recomeçava a falar. Até o celebrante, em meio à Missa, parecia perceber que algo de anormal acontecia.

Vamos até ali fora – saltou de repente uma voz, e o preto foi empolgado pelo braço, carregado para fora como uma criança. Olhei com admiração o autor da façanha, que já voltava, livre do importuno: era um dos pais, o mais corpulento, cuja autoridade se fizera exercer de maneira tão categórica, a que até a mim intimidou, como se eu fosse também responsável pela perturbação da ordem. E a ordem voltou a reinar dentro do templo.

Eu não sabia que na igreja também tinha leão de chácara – gracejou ainda uma senhora a meu lado.
O incidente me distraiu, fiquei pensando no preto atirado na rua. Ele estava inconveniente, não tinha dúvida, mas podia ser que fosse mesmo amigo de Nosso Senhor Jesus Cristo, e neste caso foi bom que eu não me tivesse metido.
Chegou enfim o momento. Um a um os meninos, cuidadosamente ensaiados, deixaram seus lugares e depois foram voltando sérios e contritos. Por um instante me deixo levar pela emoção, o coração se enternece e a lembrança procura recolher, sôfrega, o que possa guardar desse dia e que durante algum tempo me sustente em esperança de renovarme. Há por que esperar: aquele menino ali no segundo banco, olhos baixos e de mãos postas, deve ter no momento mais prestígio que ninguém lá em cima e talvez se lembre de rezar pelo pai, que anda precisando muito.
Depois houve um lanche no pátio, com café e farta distribuição de sanduíches.



O MELHOR AMIGO


A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse

Para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.
Meu filho? – gritou ela.
O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.
Que é que você está carregando aí?

Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido,tentou ainda ganhar tempo.
Eu? Nada...
Está sim. Você entrou carregando uma coisa.

Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la.Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:

Olha aí, mamãe: é um filhote...
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.

Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?

Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:
Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
Ah, mamãe... – já compondo uma cara de choro.
Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.

O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado:
A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira!

Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou, lá do quarto, e ficou
esperando a reação da mãe.
Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
Você não é todo mundo.
Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não
faço mais nada.
Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
A senhora é ruim mesmo, não tem coração!
Sua alma, sua palma.

Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois... ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: - Meu melhor amigo, não tenho mais
ninguém nesta vida.
– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
– Deixa de conversa: obedece sua mãe.

Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa

– Pronto, mamãe!
E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.

– Eu devia ter pedido cinqüenta, tenho certeza que ele dava murmurou, pensativo.



O REVÓLVER DO SENADOR

O Senador ainda estava na cama, lendo calmamente os jornais, e eram dez horas da manhã. Súbito ouve a voz do netinho de quatro anos de idade por detrás da folha aberta, bem junto de sua cabeça:

– Vovô, eu vou te matar.

 Abaixou o jornal e viu, aterrorizado, que o menino empunhava com as duas mãos o revólver apanhado na gaveta da cabeceira.  Sempre tivera a arma ali ao seu alcance, para qualquer eventualidade, carregada e com uma bala na agulha. Nunca essa eventualidade se dera na longa seqüência de riscos e tropeços que a política lhe proporcionara. No entanto, ali estava, agora, apanhado de surpresa, sob a mira de um revólver. O menino começou a rir de sua cara de espanto.

Eu vou te matar – repetiu, dedinho já no gatilho.

O menor gesto precipitado e a arma dispararia.

Pensou em estender o braço e ao menos afastar o cano de sua testa, que já começava a porejar suor. Mas temeu o susto da criança, o dedo se contraindo no gatilho... Tentou falar e de seus lábios saíram apenas sons roufenhos e mal articulados.

– Não me mata não – gaguejou, afinal: – você é tão bonzinho...

– Pum! Pum! – e o demônio do menino sempre a rir, só fez dar um passo para trás; que o colocou fora de seu alcance. Agora estava perdido.

– Cuidado, tem bala... – deixou escapar, e a voz de novo lhe faltou. Toda uma vida que terminava ali, estupidamente nas mãos de uma criança – de que adiantara?  Tudo aflição de espírito e esforço vão. Se alguém entrasse no quarto de repente, a mãe, a avó do menino... Que é isso, menino! Você mata seu avô! Com o susto... Senti o pijama já empapado de suor. Era preciso fazer alguma coisa, terminar logo com aquela agonia. Estendeu mansamente o braço trêmulo:

– Me dá isso aqui...

– Mãos ao alto! – berrou o menino, ameaçador, dando passo para trás, e as mãos pequeninas se firmaram ainda mais no cabo da arma. O Senador não teve outra coisa a fazer senão obedecer.

E assim se compôs o quadro grotesco: o velho com os braços erguidos, o guri a dominá-lo com o revólver. De repente, porém, o telefone tocou.
– Atende aí ­– pediu o Senador, num sopro.

Estava salvo: o menino tomou do fone, descobrindo brinquedo novo, e abaixou o revólver. O Senador aproveitou a trégua para apoderar-se da arma. Então pôs-se a tremer, descontrolado, enquanto retirava as balas com os dedos aflitos. O menino começou a chorar:

Me dá! Me dá!

A mulher do senador vinha entrando:

–O que foi que você fez com ele? Está com uma cara esquisita... Que aconteceu?
– Acabo de nascer de novo – explicou simplesmente.




BIOGRAFIA DO AUTOR
Nome:
Fernando Tavares Sabino
Nascimento:
12/10/1923
Natural:
Belo Horizonte - MG
Morte:
11/10/2004

Nascido em Belo Horizonte no dia 12 de outubro de 1923, o escritor e cronista Fernando Tavares Sabino era o último vivo do quarteto mineiro de escritores integrado por Hélio Pellegrino (1924-88), Otto Lara Resende (1922-92) e Paulo Mendes Campos (1922-91). Essa amizade inspirou Sabino a escrever "O Encontro Marcado" (1956), seu livro de maior sucesso.

Além de "O Encontro Marcado", suas principais obras foram "O Homem Nu" (1960), "O Menino no Espelho" (1982) e "O Grande Mentecapto" (1979), que deu a Sabino o Prêmio Jabuti.

No início da década de 1940, começou a cursar a Faculdade de Direito e ingressou no jornalismo como redator da "Folha de Minas". Seu primeiro livro de contos, "Os Grilos não Cantam Mais", foi publicado em 1941, no Rio. Nesse mesmo ano, torna-se colaborador do jornal literário "Dom Casmurro", da revista "Vamos Ler" e do "Anuário Brasileiro de Literatura".

Em 1947, envia crônicas para serem publicadas em jornais como "Diário Carioca" e "O Jornal", do Rio, que são reproduzidas em vários veículos do Brasil. Começa a produzir os livros "Ponto de Partida" e "Movimentos Simulados" que, apesar de não serem concluídos, serão aproveitados em "O Encontro Marcado".

"O Encontro Marcado", uma de suas obras mais conhecidas, é lançada em 1956, ganhando edições até no exterior, além de ser adaptada para o teatro.

Sabino decide, em 1957, viver exclusivamente com escritor e jornalista depois de pedir exoneração do cargo de escrivão. Inicia uma produção diária de crônicas para o "Jornal do Brasil", escrevendo mensalmente também para a revista "Senhor".

Em 1960, o escritor publica o livro "O Homem Nu" na Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Publica, em 1962, "A Mulher do Vizinho", que recebe o Prêmio Cinaglia do Pen Club do Brasil.

Termina o romance "O Grande Mentecapto" em 1979, iniciado mais de 30 anos antes. A obra, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, acabaria sendo adaptada para o cinema e o teatro anos depois.

Em 1991, lançou o livro "Zélia, uma Paixão", biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, ministra da Economia do governo Fernando Collor (1990-92), trabalho que o autor se recusava a comentar. Acreditava ter sido vítima de hostilidade por causa dele.

Em julho de 1999, recebe da Academia Brasileira de Letras o prêmio "Machado de Assis" pelo conjunto de sua obra.

Publica em 2004 o romance "Os Movimentos Simulados", da editora Record, totalizando uma produção literária de mais de quatro dezenas de obras em 80 anos de vida.

Um dia antes de completar 81 anos, morre no dia 11 de outubro de 2004 vítima de câncer no fígado. O escritor lutava contra a doença desde 2002.

O corpo de Sabino foi sepultado ao som de canções de jazz, tradicionais em funerais de Nova Orleans (EUA), na manhã do dia 12 de outubro, no cemitério São João Baptista, em Botafogo, zona sul do Rio.